Uma alma artística que se revela aos 26 anos, para muitos tardiamente, para Luiz Bhittencourt a hora certa. Filho de Ondina Cirino e José Darci Cirino, de educação familiar conservadora, Bhittencourt tem como base os costumes interioranos e ao mesmo tempo futuristas de uma cidade que respira tecnologia à frente de seu tempo, São José dos Campos, na região do Vale do Paraíba Paulista, São Paulo.
Nascido em 1972, formou-se em Administração de Empresas e trabalhou em sua empresa de organização de eventos até 1998, quando teve um sonho para retratar uma imagem em tela. Assim ele ingressa nas artes plásticas com aulas ministradas pela artista plástica Luciana Melo, de estilo voltado para arte sacra e ao mesmo tempo cultura popular. “Busca” é primeira obra do artista, a retratação do sonho, pintada em acrílico sobre tela. Posteriormente nasce a primeira série “Faces e Bocas”.
Com mentoria da artista plástica Eliza Pires nasce a inspiração que marcará sua trajetória não só profissional como o estilo de vida. Com traços ainda mais expressivos Luiz Bhittencourt dá vida à série “Religiosa”. Obras embasadas pelas passagens bíblicas, uma tradução do entendimento do artista pelas fases do Novo e Velho Testamento.
Em 2004, de posse das séries “Faces e Bocas” e “Religiosa”, Bhittencourt, expõe seus primeiros trabalhos no Fórum Trabalhista de São José dos Campos e dedica-se exclusivamente no atelier montado em sua casa.
A busca por respostas espirituais, que o acompanha desde a infância, intensifica e o leva a ingressar, em 2006, na Ordem de São Bento como postulante à vida consagrada de monge beneditino, sem ter que renunciar à atividade artística.
Surgem assim as séries “Monastério” e “Inspiração na Iconografia”, obras que tratam aspectos da fé e misticismos. Conflitos no plano religioso e artístico levam o artista a deixar a vida monástica e regressar anos depois à espiritualidade beneditina, afastando-se depois, definitivamente em 2017.
Antes, porém, produz as séries “Consagrados” e “Bento”: de 2010, esta é produzida no Mosteiro, visando a explicitar a espiritualidade em suas obras.
Foram 1 mil dias de convivência real à vida religiosa, entre os mosteiros beneditinos de Vinhedo, Brasília e Goiás. Durante a convivência no mosteiro de Brasília, Bhittencourt é indicado pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal, o juiz Cezar Peluso para a exposição “Consagrados” no Espaço Cultural do STJ – Superior Tribunal de Justiça.
De volta à cidade natal, o artista recebe o apoio dos benfeitores Manoel Coutinho Costa e o casal Ana Cláudia e Antônio Carlos Perpétuo para residir na Europa, onde apresenta suas obras entre Espanha e França.
Com residência fixa em Barcelona, Bhittencourt cria a série “Refugiados”, um novo marco de sua carreira, porém sem cor, a tonalidade é acinzenta e as obras ganham formas sombrias.
As telas, 21 no total, retratam o sofrimento visto nas ruas da Europa devido ao conflito político com a entrada de refugiados vindos da África e Síria. Os traços saltam aos olhos numa tonalidade de preto, cinza e branco. Com o feito o artista expõe na Ca’l Tete Barcelona Cuina Creativa, 18 obras são vendidas. No mesmo período Bhittencourt participa do ARTBAHO – Salão Internacional de Arte Contemporáneo e do Salão de Arte Fundación Arena, ambos em Barcelona.
De volta ao Brasil, o artista dedica-se a obras sociais com projeto voltado para crianças e adolescentes na área cultural, na cidade de Ribeirão Pires, interior de São Paulo.
No mesmo período nasce a exposição “Fé! Religiosos e Sacerdotes! Profanos ou Divinos?”, na capital paulista. Diante de ótimas críticas e indicação de uma amiga, o artista recebe o convite de José Carlos Reis Marçal de Barros, então diretor executivo do Museu de Arte Sacra de São Paulo, e é agraciado com exposição individual nas dependências do Museu que o perpetua nos livros da história da arte brasileira e desperta olhares de investidores e colecionadores de arte.
Pós exposição, a obra ‘Santa Ceia das Vaidades’ da série “Consagrados”, entra para o acervo do museu.
Com o novo momento global, e a realidade de vida diante a pandemia Convid-19, Luiz Bhittencourt passa momentos reclusos e se volta a estudos de arte em cerâmicas e as novas pinturas de sua série “Janelas e Percepção”.
Ao longo da carreira, entre anos sabáticos e emblemáticos Bhittencourt deu vida a 18 séries e um total de 820 telas. As obras do artista interiorano encontram-se em coleções particulares dos mais distintos setores da sociedade, sendo colecionado por mecenas, diplomatas, religiosos, empresários, magistrados e admiradores não só no Brasil como na Europa, Ásia e Oceania.